13 jan 2014

A hora certa de apresentar as crianças à tecnologia

A hora certa de apresentar as crianças à tecnologia

Apesar da diferença de idade, a Laura e o Gabriel têm muito em comum. Além de inteligentes, super espertos e hiperativos, os dois nasceram imersos em tecnologia. A Laura já tem 10 anos, mas teve seu primeiro contato com tablets e smartphones antes de completar dois anos de idade; o Gabriel ainda só tem três, mas também já aprendeu há algum tempo as artimanhas das telas sensíveis ao toque e até dos teclados.

O Gabriel é fanático por joguinhos e também bastante ágil; sabe usar a senha para destravar o aparelho, trocar de aplicativos e até tirar fotos! A Laura vai além dos jogos; ela já tem perfil no Facebook e usa o tablet que ganhou no final do ano passado também para ouvir música, ver filmes e até para se comunicar.

Mas será que existe uma hora certa para esse primeiro contato? O Gabriel e a Laura aprenderam a brincar no smartphone antes mesmo de falar ou andar. A psicóloga Andréa Jotta explica que esse “timing” depende muito do estilo da família; quanto mais conectados forem os pais, mais cedo os filhos terão contato com a tecnologia. Mas outro fator também facilitou bastante a entrada dos pequenos no mundo “hi-tech”.

“De uns dois anos para cá, temos visto a entrada das crianças na tecnologia graças à tela de toque. Se antigamente eles precisavam ter entre 7 e 8 anos para poder digitar e chegar onde elas querem. Com a tela touch é só tocar. Por isso, tem crianças muito pequenas usando touchscreen”, afirma a psicóloga Andréa Jotta, do NPPI (Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática) da PUC-SP.

A relação entre crianças e tecnologia divide opiniões, mas segundo a psicóloga, não tem porque proibir. As mães do Gabriel e da Laura concordam, mas também entendem que é preciso haver certo controle sobre esse uso; mais do que isso, o ideal é sempre expor a criança a diversos tipos de estímulos, diversificar suas atividades e incluir o uso da tecnologia apenas como uma pequena fração dos seus dias. A Laura tem tanta coisa pra fazer que nem pensa em ficar muito tempo jogando ou conectada.

“O que a gente vê como prejudicial é o uso frequente. No nosso núcleo de pesquisas, não chegamos a mapear um uso excessivo que aconteceu porque usou uma vez ou outra”, explica a psicóloga.

Além do tempo de exposição, é preciso controlar também o que essas crianças fazem no mundo digital. Seguro, nós sabemos que não é…e, mais do que isso, a maior parte dos aplicativos disponíveis é voltado para adultos.

“Vale a pena acompanhar o uso pelo menos até os 16 anos. O problema não é dá, é largar. A partir do momento que você dá este presente para a criança, é a entrada deste jovem na virtualidade. Tem que ser acompanhado e educado, como se faz na vida presencial”, conta a psicóloga Andréa Jotta.

O futuro dessa geração que já nasceu conectada é tema recorrente de discussões não só entre mães e pais, mas entre psicólogos e educadores. A maioria acredita que, se controlado, o uso da tecnologia contribui bastante para o desenvolvimento do raciocínio da criança. Mas o fenômeno é novo e ainda não existe pesquisa suficiente sobre essa relação; principalmente aqui no Brasil.

Doze anos atrás, o país viveu um “boom” da internet com a popularização da banda larga. Ou seja, já existe uma geração que foi exposta à tecnologia de alguma forma desde muito pequenos. O Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC de São Paulo avaliou duas vertentes desses jovens; primeiro os que conseguiram introduzir a tecnologia naturalmente em suas rotinas sem abrir mão das outras atividades.

“Alguns pais conseguiram incluir a tecnologia na rotina das crianças, que hoje são pré-adolescentes. Elas precisam fazer a lição, comer, dormir, conviver com a família e usar a tecnologia. Nas famílias que conseguiram neste uso adequado, sem abuso e sem prejudicar a vida cotidiana, as crianças se acostumaram com a tecnologia com naturalidade, mais até que os adultos”, conta a psicóloga.

Já os que usaram em excesso; sem controle, explica a psicóloga, apresentaram alguns problemas difíceis de reverter, como a falta de interesse por esportes ou qualquer outra atividade física, desinteresse pela escola e até isolamento – o que pode ser considerado grave no desenvolvimento de uma criança.

O assunto é delicado, mas ao que tudo indica, se a tecnologia simplesmente fizer parte da vida da criança e não dominá-la, é algo que só traz benefícios. O detalhe importante é que não cabe aos pequenos decidir o que é bom ou ruim, mas aos pais, que precisam entender que o mundo mudou e que a tecnologia é cada vez mais presente nas nossas vidas. E você, o que acha dessa história? Apoia ou condena o uso da tecnologia por crianças? Será que existe uma idade certa? Participe dessa saudável discussão e deixe seus comentários no orasystems.com.br.

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