Na semana passada a Mozilla anunciou que o Facebook decidiu apostar em seu compressor de imagens que garante deixar o JPEG ainda menor, mas com qualidade. A notícia soa positiva para a internet, já que as imagens tomam espaço demais da rede e diminuí-las, portanto, é uma coisa boa. Mas também houve prejudicados com isso, sendo o Google talvez o principal deles.
Ao informar que Mark Zuckerberg investiria US$ 60 milhões no mozjpeg, seu compressor, a Mozilla reafirmou que não entende como positiva a iniciativa do Google de tentar substituir o JPG por outro formato, algo que a gigante de buscas propõe desde 2010.
Naquele ano foi apresentado o WebP, formato 26% menor que o PNG e entre 25% e 34% menor que o JPG, que suporta transparência e animações, portanto, poderia substituir JPG, PNG e GIF com qualidade e leveza. Ele surgiu por acidente enquanto o Google trabalhava num formato de vídeos chamado WebM, que é baseado no codec VP8, e percebeu que esse formato comprimia os quadros muito bem, então resolveu estudar sua aplicação em imagens.
Recentemente o GigaOM listou uma série de dados favoráveis ao WebP. O carregamento do YouTube ficou 10% mais rápido desde que as miniaturas dos vídeos foram trocadas por ele; o Google mesmo economiza muitos terabytes de banda por ter adotado o formato na Chrome App Store, o que ainda reduziu o tempo de carregamento em quase 1/3. E, por tirar o JPG dos aplicativos móveis do Google+, a empresa passou a economizar 50 TB de dados por dia.
A Netflix também adotou a novidade para carregar as miniaturas dos vídeos mais rapidamente, o Ebay e até o Facebook apostam no WebP, já que o colocou em seus aplicativos móveis. Mesmo assim, há ceticismo quanto à atitude de se mudar toda a estrutura da internet.
Não é só a Mozilla que desconfia do WebP, tanto que 54% dos navegadores não oferecem suporte nativo a ele, incluindo obviamente o Firefox, mas também o Internet Explorer e o Safari – um gigante dos PCs e um dos dispositivos móveis.
No caso da Mozilla, a fundação reconhece algumas qualidades do formato, mas entende que o mais importante é a eficiência de compressão – por isso o investimento no mozjpeg – e não está convencida de que os recursos do WebP são fortes o suficiente para ele se tornar o novo padrão da internet, porque isso acarretaria num longo processo de adaptação e desencadearia problemas de compatibilidade.
O que não parece incomodar a Microsoft, que não oferece suporte ao formato porque ela inventou um próprio, chamado JPEG XR, que é usado no Internet Explorer. E a Apple mantém seu costumeiro desinteresse por criações do Google. No fim, a atitude de cada uma contribui ainda mais para a fragmentação, enquanto o Facebook joga dos dois lados e pode se dar bem com qualquer um deles.
Só que a rede social também já enfrentou problemas. No começo do ano, algumas páginas passaram a contar com WebP ao invés de JPG, mas quando usuários baixavam as imagens, descobriam que o formato não era aceito. O Facebook, então, voltou ao JPG, mas o Google agiu rapidamente, transformando o Chrome em visualizador padrão de WebP nos computadores.
Fora isso, a Mozilla tem razão quando reclama das capacidades de compressão do formato, porque a codificação de WebP exige mais poder de computação do que o JPG – o que o Google promete melhorar, mas diz que se trata de um preço justo em nome da economia de banda.
Se vai se tornar padrão ou não, é difícil dizer, mas o fato é que o WebP está ajudando a deixar a internet mais rápida. Ele é aceito pelo Android e pelo iOS, além dos navegadores Chrome e Opera, então é possível que se torne escolha mais óbvia no mercado móvel, pelo menos enquanto o JPG ainda reina na web.