O Windows Phone vem crescendo, mas ainda peca por falta de apoio dos grandes desenvolvedores para levarem seus apps para o sistema. Isso gera uma situação estranha. Basta dar uma olhadinha nos comentários aqui no Olhar Digital para percebê-la: alguns atacam a plataforma, falando que ela não tem aplicativos importantes, como o Instagram, enquanto outros a defendem, lembrando que todos os aplicativos inexistentes possuem um genérico adaptado para ela.
Ambos estão certos. Existem desenvolvedores independentes que estão se arriscando para levar aos usuários do sistema da Microsoft experiências facilmente encontradas em outros sistemas operacionais, mesmo sem ter nenhum apoio das grandes empresas. O site The Verge levantou os motivos que os fazem apostar tão pesado na plataforma.
Para isso, eles dedicam tempo e, possivelmente, dinheiro, sem esperar muita coisa em troca. São os casos dos aplicativos como os da Wikipedia, Instagram, YouTube, SnapChat e Vine. Todos ganharam suas versões alternativas que, apesar de funcionais e gratuitas, por não terem suporte oficial, podem deixar de funcionar a qualquer momento, caso haja alguma atualização inesperada.
O francês Rudy Huyn, entusiasta da plataforma, é um dos maiores exemplos de desenvolvedores que tentam alavancar o Windows Phone criando os aplicativos que ainda faltam. Ele viu a oportunidade como uma chance de se diferenciar e já criou o app da Wikipedia, que acabou ganhando a aprovação da Wikimedia Foundation. Ele também já criou o 6Sec, cliente do Vine para o WP, e trabalha no 6tagram, alternativa ao Instagram.
Huyn afirma que não tem medo de que as empresas levem seus próprios aplicativos para o SO. “Eu fui inspirado mais como usuário do que como desenvolvedor. Há pessoas que não compram um Windows Phone por causa da falta do Instagram. Eu não estou interessado no dinheiro, só quero atrair mais pessoas para a plataforma”, ele afirma, ressaltando estar totalmente aberto à ideia de que as companhias levem seus apps para o sistema.
Outro caso é do Instance, que é o cliente de Instagram mais popular do Windows Phone, com mais de 300 mil downloads. Daniel Gary lançou seu app não por dinheiro, ou por ser um entusiasta, mas… por amor. Ele diz que comprou para sua esposa um aparelho Samsung com o sistema, mas logo ela sentiu falta do Pinterest e do Instagram. Gary, então, fez o que qualquer marido apaixonado faria: criou sua própria versão dos apps e lançou na loja da Microsoft, gratuitos e livres de publicidade.
Segundo ele, nunca houve nenhuma ameaça de processo. O único problema foi quando o Instagram pediu para que mudasse o logo e o nome do aplicativo, mas não houve ameaça. Mesmo assim, Gary enfrentou problema quando a empresa mudou suas políticas de spam e acabou removendo todas as postagens feitas com o Instance. Mas este é apenas um dos problemas dos clientes alternativos.
O Swapchat, por exemplo, foi removido da loja de aplicativos por um pedido do Snapchat. O aplicativo era gratuito, mas os usuários poderiam pagar pela remoção da publicidade. Quem desembolsou alguma coisa acabou jogando dinheiro fora. O MetroTube, alternativa ao YouTube, também foi removido por pedido do Google, mas retornou como aplicativo gratuito. Até a própria Microsoft já teve seu próprio app removido, quando criou seu cliente do YouTube.
A situação mostra o maior risco dos aplicativos de terceiros. Não há como prever se eles continuarão existindo em um futuro próximo, seja por um pedido de remoção, seja por falta de suporte oficial. Caso as empresas mudem seus códigos e suas políticas, todos os apps citados nesta matéria poderão parar de funcionar. E mesmo que os desenvolvedores digam que não querem dinheiro com sua obra, alguns deles precisam disso para bancar o sistema. No caso de uma remoção forçada, os usuários que pagaram podem ficar nervosos e pedir o dinheiro de volta. Se isso acontecer, logo eles se verão com uma grande dívida nas mãos.